O combustível e os voos directos

Não é que seja novidade, mas agora com esta situação da contaminação do JET A1 do Faial podemos comprovar o que já se tinha dito: é perfeitamente possível fazer voos de ida e volta entre Lisboa e o Faial ou Pico sem reabastecer.
Embora existam motivos que podem tornar desejável o abastecimento nestas ilhas não deixo ficar a pensar nas razões que leva a TAP a programar voos extraordinários para o Pico com escala na Terceira, especialmente na altura do Natal e Páscoa, em que chegou a acontecer não desembarcar ou embarcar ninguém nessa escala, porque, num estilo um bocado à teoria da conspiração, a ideia que fica é que não querem mostrar que esses voos directos são possíveis.
Na prática, não sei dizer se nesses dias saíra mais barato trazer o combustível extra para o regresso ou escalar a Terceira para reabastecer, mas pelo o que está a acontecer com os voos da Horta dá ideia que é mesmo mais barato trazer os tanques cheios, situação que já ocorria por exemplo em dias de mau tempo.
Se assim for, questiono-me se não há mesmo alguma má vontade, ou pelo menos falta de vontade de servir melhor o Pico.
Tudo isto também leva-me a acreditar que quando finalmente chegar o combustível ao Pico não vai ser o fim dos voos directos, o aeroporto apenas passará a oferecer uma maior flexibilidade ás companhias. Veremos se ao menos isso aproveitam...

Comentários

ZÉ FAIAL disse…
Não estou a perceber o raciocínio porque a TAP está a ir pela Terceira para reabastecer.
Só é possível fazer o vôo sem reabastecer se tiver poucos passageiros!
Rui Medeiros disse…
A grande maioria dos voos está a voltar directo. Até agora só vi via Terceira um voo no dia que se descobriu a contaminação e outro ontem, que foi o extra devido ao cancelamento no dia anterior, que na prática foi alterar o voo que existia para a Terceira de modo a passar no Faial também. Os voos de hoje são todos directos, por exemplo.
Em teoria voo pode ser feito com uma ocupação muito boa, aliás, mesmo cheio, mas sim, deve estar sujeito a algumas restrições, que no entanto podem nem ser tão severas com as que advêm do comprimento da pista.
Passo a explicar, o que vai limitar a capacidade de trazer combustível extra é o MLW de 64.5 toneladas do A320. Em vazio pesa cerca de 40 tons, valor que pode variar um bocado dependendo da versão. Se assumirmos que são necessários cerca de 9 tons de combustível para voltar a Lisboa, com alternantes e holdings considerados, temos 49 ton a aterrar na horta sem payload, e para se aterrar dento do limite de peso restam 15.5 toneladas disponíveis para carga e paxs. Somando mais umas 7 tons para a viagem até à Horta temos cerca de 71.5 tons de TOW em Lisboa, ou seja, abaixo do MTOW que varia desde as 73.5 ás 77 tons. Assim, como se pode ver estamos limitados a cerca de 15.5 tons de payload devido ao MLW. Isto pode equivaler a 155 passageiros e bagagem a 100 kg por cada um…
O TOW na Horta é também limitado pelo comprimento da pista, em certas condições o valor aproxima-se das 64 toneladas, ou seja, nesses dias já existe uma limitação de payload muito semelhante à saída do Faial, com ou sem combustível, não estamos assim perante uma situação operacional anormal para a Horta.
Essas 15.5 tons devem também ser suficientes para fazer os voos que mencionei para o Pico.
Nota: Os valores reais devem variar um pouco porque cada companhia tem as suas configurações e os dados utilizados são da configuração geral de um A320, que no entanto são uma boa aproximação para se ficar com uma ideia.
Anónimo disse…
Chegará a ser, alguma vez, o aeroporto do Pico, alternativo ao do Faial?
Coloco esta questão porque, na passada 2ª Feira, um voo com destino ao Faial, após duas tentativas de aterragem, derivou para a Terceira. Após permanecerem algumas horas nesta Ilha, acabaram por regressar a Lisboa. Estaria o aeroporto do Pico inoperacional ou já encerrado?!
Esperam que não vejam isto como um bairrismo exacerbado mas que o assunto é pertinente, lá isso é!
O costume, afinal.
ZÉ FAIAL disse…
Está mal informado Mestre Medeiros,
o primeiro vôo foi abastecer a Ponta Delgada.
ZÁ FAIAL disse…
E o TAP hoje (23) também foi abastecer ás Lages!
Alguém... disse…
Para o Anónimo...

A culpa de o avião não ter ido para o Pico é do Faial. As pessoas berraram la dentro que não queriam ir para o Pico...e a TAP disse que também não gostava do Pico por isso os passageiros que descanssassem que nao iam aterrar lá...

Paciencia meus senhores!!! Que mania da perseguição!

O nome do blog é AirPico! Pico e os Aviões!
Não é Faial Faial Faial o Pico e às vezes os aviões...
Anónimo disse…
Alguém está a brincar com coisas sérias e com coisas sérias não se brinca...
Hoje, o Poeta e Deputado Manuel Alegre, despediu-se do Parlamento. E eu imaginei que todos nós, portugueses, possuíamos a verticalidade e o carácter daquele Homem. E, então, sonhei que o nosso País era o melhor do mundo e que, quando fosse preciso ser-se solidário e amigo, cá estaríamos nós a dizer: Presente!
... Afinal, embora a Terra continue a girar, tudo não passou de um sonho.
Defensor nº 1 disse…
Mas está tudo dito, e desde há muito. No www.defenderopico.blogspot.com vem tudo explicadinho. Excepto para quem teima em não querer ver a realidade e a subalternizar o Pico. Refiro-me ao Governo Regional que não quer (ou não o deixam os hoteleiros, outros interesses instaladamente obscuros e etc) redefinir a política de transportes aéreos para Faial e Pico e o seu sistema de Serviço Público. Há que "baralhar e dar de novo", ou seja, considerar que o somatório de voos Pico+Faial implica atribuição de número de voos mais consentânea com a origem e destino dos passageiros! Irra! que já incomoda não se fazer o levantamento do real número de passageiros que são "obrigados" a usar o Aeroporto do Faial quando querem é o do Pico!
Irra! outra vez pelo não avanço da do fornecimento de combustíveis no Pico, que já poderia estar resolvido há muito - assim houvesse vontade; e irra! ainda outra vez pelo novo adiamento da instalação do ILS no malfadado aeroporto que nos coube em sorte!

Responsabilidades, como sempre, não há, e as culpas nunca tem dono!

Apetece fugir!!!
Rui Medeiros disse…
Só hoje vi isto:
"Em requerimento enviado à Assembleia Legislativa dos Açores, os deputados social-democratas Costa Pereira e Luís Garcia pediram explicações sobre o sucedido, alegando que esta situação, em plena época alta do turismo, “vem penalizar de forma significativa as ligações da Horta com Lisboa, uma vez que as aeronaves operam penalizadas e os passageiros são sujeitos aos incómodos e às demoras de escalas técnicas não previstas em ligações que deveriam ser directas”.
Os parlamentares do PSD/Açores pretendem, por isso, que esta situação “seja normalizada com urgência e prioridade”, dado que “este problema acarreta custos acrescidos às transportadoras (...)"
Muito bem... Mas que será que os senhores do PSD pensam das escalas dos voos para o Pico? O combustível para o Pico foi anunciado pela primeira vez para Junho de 2008... No Pico não deve ser preciso "urgência e prioridade"...
Unknown disse…
Deputados social-democratas Costa Pereira e Luís Garcia foram eleitos pela ilha do faial, é lógico que defendam os interesses da ilha.
Rui Medeiros disse…
Com certeza que sim, mas podem os deputados de um grupo parlamentar fazer requerimentos contra as indicações e ideias do seu partido?
O que estará aqui em causa será a relativa passividade com que se vão tratando certos assuntos no Pico que têm direito a tratamento de máxima prioridade quando se passam noutros lados.
Defensor nº 1 disse…
E onde andam os deputados do Pico e os outros poderes eleitos da nossa ilha?
Triste sina a nossa, entregues a quem só quer defender o seu "posto"!
Anónimo disse…
Infelizmente, parece ser este o nosso destino. As "forças vivas" do Pico - e aqui não podemos ficar reduzidos apenas aos deputados eleitos pela Ilha - deveriam e teriam de ser mais actuantes. Pelo contrário, parecem estar mais preocupados em olhar para o próprio umbigo. É a vida, como dizia um antigo Primeiro Ministro!
Unknown disse…
Neste caso nada vai contra as "ideias" do partido, estão a fazer exactamente o seu papel de oposição e apontar o que tem de ser resolvido, nada mais.

Como expressa o Defensor nº1, cabe aos representantes do Pico, dar a conhecer ao partido e ao parlamento a vossa voz.
Anónimo disse…
Com a devida vénia,passo a transcrever alguns excertos de um artigo publicado no Expresso, por Clara Ferreira Alves: "Não admira que num País assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros públicos para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido... Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e mora muito maior do que o seu défice financeiro e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo normal e encolhem os ombros. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluír nada. Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado..."
Espero não vos ter maçado muito, mas estas considerações, na minha modesta opinião, assentam-nos que nem uma luva.
Bom fim de semana.
Anónimo disse…
Digam-me uma coisa que eu ainda nunca entendi!

O vosso problema é só com a TAP?

A SATA faz mais ligações com o Faial do que com o Pico. Porque não faz as mesmas?
Será porque como afirmam há alguém que não gosta do Pico?

Expliquem-me isso sff
Rui Medeiros disse…
Não, o nosso problema não é só com a TAP.
Mas compreendo que fique com essa ideia, uma vez que como é a TAP que opera a rota Pico - Lisboa, é normal que muitos dos exemplos que se façam tenham referência a essa companhia. Da mesma maneira que é normal falar-se do que acontece no Faial para ilustrar o que vai mal no Pico, coisa que muita gente leva logo como bota abaixo derivado do bairrismo, quando a intenção está muito longe disso. Claro que sabemos que o problema não é só da TAP, mas que lógica teria dizer, por exemplo, que a Lufthasa não faz voos directos pó Pico?
No entanto, poderá ler em muitos posts que se critica o actual modelo de serviço de transporte aéreo para os Açores e a respectiva politica que o define, não tão só as companhias que o fazem cumprir. Mas não se pode também isenta-las de qualquer culpa na matéria.
Nunca se disse que o aeroporto da Horta não têm mais tráfego que o do Pico, no entanto as ligações da SATA não acontecem numa razão de 14 para 1 como os voos para Lisboa... A razão de voos SATA normalmente varia entre os 1,5 para 1 até aos 4 para 1, contando ainda para isso a benesse de ter mais destinos inter-ilhas, Flores e Corvo.
O que se diz muitas vezes mas parece que ninguém quer ver, é que um número significativo de passageiros oriundos ou com destino ao Pico utilizam os voos da Horta, mesmo os da SATA, basta relembrar episódios caricatos que foram notícia nos telejornais como passageiros a refilar que não lhes pagavam nada por o voo ter atrasado e terem perdido a lancha para o Pico, tendo assim de passar uma noite no Faial.
Os motivos para essas escolhas são os do costume, melhores horários, melhores ligações, melhores preços, falta de lugares no Pico, etc...
Anónimo disse…
O Povo Português é, por tradição e na sua maioria, conservador. Se eu fosse faialense, também, não quereria "perder" certos benefícios que vêm dos tempos da outra senhora e dos Governadores Civis dos Distritos. Até será compreensível, digo eu!
Hoje, com Abril e a Autonomia, já ia sendo tempo de procurar olhar todos por igual, contribuindo, assim, para um desenvolvimento harmónico da Região. Julgo não fazer sentido, haver uma desproporcionalidade tão grande entre duas Ilhas (Faial e Pico), quando as duas têm, sensivelmente, os mesmo número de habitantes e quando - todos o sabemos - muitos passageiros com destino e origem do Pico, são obrigados, por falta de alternativas, a utilizar o aeroporto da Horta nas suas deslocações. Chamem-lhe o que quizerem. Digam o que disserem. Justiça não poderá será, certamente! E deixem-se dessa treta do "quem não é por mim, é contra mim". A tecla, de tanto batida, já está gasta.
Anónimo disse…
"Digam o que disserem. Justiça não poderá será, certamente"...
É evidente que deve ler-se "Justiça não poderá ser, certamente".
Pela gralha, as minhas desculpas.
Anónimo disse…
Bom.. Explicar algumas coisas.. Primeiro Pico não tem combustível JET A1 assim como Flores, Graciosa, São Jorge, Corvo e agora recentemente Faial. A escala técnica efectua-se quando necessária. Acreditem que se por acaso se se puder evitar uma escala técnica evita-se. As tripulações têm a escolha de fazerem ou não a escala e se fazem acredito que tenham razões para o fazer.
Rui fizeste uns cálculos de cabeça, Muito bem. Agora factores extra, primeiro ao peso de descolagem. Se até um ATP tem limitações a descolar do Pico (a partir de uma certa temperatura) imagine-se um A320. Não podemos falar com tanta certeza de pormenores técnicos que apenas a tripulação a bordo sabe. Mais, alternantes! Ir para a Horta com um alternante Terceira.. Isso é um alternante.. Pode ser necessário mais! Pode não estar bom na Terceira ou até mesmo em Ponta Delgada ou Santa Maria. Mais, alternante em Lisboa. Alternar em Lisboa implica ir para Faro, Porto ou Madrid.. As 9 toneladas rapidamente se transformam em 14 toneladas de required fuel e a ter em conta a dificuldade de operacionalidade dos aeródromos que estamos a falar. Para finalizar.. O Pico legalmente não pode servir de alternante à Horta. Segundo as leis internacionais da Aviação Civil, o primeiro aeródromo alternante de um destino terá que estar no mínimo a 50 milhas naúticas de distância.. Ponta Delgada Terceira são perto de 95 milhas naúticas.. Para terem a noção da distância em milhas.. Ou seja.. Pico e Faial estão próximos demais para serem considerados como alternantes um do outro.
Rui Medeiros disse…
Primeiro que tudo, obrigado pelo seu post, só é pena que mesmo quem vem falar a sério não goste de se identificar.
"Acreditem que se por acaso se se puder evitar uma escala técnica evita-se."
Claro que sim, o problema é que no caso dos voos da TAP para o Pico a passagem pela terceira não é uma simples escala técnica.
"Se até um ATP tem limitações a descolar do Pico (a partir de uma certa temperatura) imagine-se um A320"
Sim, nunca se disse que o A320 não sai bastante limitado do Pico, aliás, porque se fez uma pista para servir um A320 que ficou tão pequena que lhe causa grandes restrições, é uma das questões mais levantadas neste blog. Mas como poderá facilmente perceber, na situação de que falamos, é o MLW da aeronave em questão que vai limitar a capacidade de trazer combustível extra para regressar sem escalas.
Apenas a tripulação de bordo sabe as particularidades de cada dia, mas as rotas são planeadas antes disso, há que se ter uma ideia geral e foi só isso que eu fiz. Certos dias darão para transportar mais peso e outros para menos, mas ficamos com uma ideia do que se passará.
O número, muito por alto, das 9 tons para Lisboa já tem em consideração alternantes, tempos mínimos de espera e reserva IFR. Estamos a falar do regresso a Lisboa. Na vinda não será raro chegar a valores muito mais elevados quando se considera alternantes fora dos Açores nos dias mesmo maus. São nesses dias que aparecem as tais noticias de bagagens que ficaram atrás porque se precisa de disponibilidade extra para combustível e as restrições das pistas apertam...
O Pico não pode servir de primeiro alternante à Horta e vice-versa. No entanto não é assim tão raro os voos do Pico acabarem por ir ao Faial. Não estou por dentro de como se dá esse processo burocraticamente, se calhar a Horta vem como segundo alterante e depois de se conhecerem as condições opta-se por esse, a verdade é que há maneira de o fazer e está previsto nas obrigações de serviço público que se utilize a Horta quando não se pode operar no Pico e vice versa. Se isso implica ir primeiro à Terceira para cumprir com todas as leis já não sei dizer.
Anónimo disse…
Já podiam e deviam ter dito que o aeroporto do Pico nunca ("Jamais"!) será alternante ao Faial e vice-versa por uma simples razão: Estão demasiado próximos um do outro! Certo?! Assim, se num determinado dia estiver bom num lado e mau no outro, o bendito avião terá, sempre, de ir à Terceira e, só depois, será tomada a decisão?! (Até hoje, tem sido voltar a Lisboa!) ... As coisas que eu desconhecia!... E, certamente, dirão alguns: Quem é que te manda ser burro!?
PAI disse…
Passageiros desembarcados nos aeroportos do Triângulo até Junho:
Faial 38.915
Pico 12.442
S.Jorge 11.399


Fonte:Serviço Regional de Estatística
PAI disse…
Um aumento de cerca de 5,7% no Pico em relação ao ano passado, 2,8% em S. Jorge e uma queda de 3,3% na Horta
PAI disse…
E São Jorge com práticamente o mesmo número de passageiros que o Pico!!!!
PAI disse…
Contando uma média muito por baixo de 10 pax por dia do Pico via Horta faltam 3650 pax no Pico...
ZÉ FAIAL disse…
Esqueceu-se de descontar os passageiros para a Horta que vão via Pico porque os vôos da Horta estão completamente cheios!!!
Anónimo disse…
Passageiros para a Horta via Pico? Viajo ha 10 anos quase todos os meses por motivos profissionais e nunca me aconteceu!
Não inventem para vos beneficiar...
Dêem justificações reais
ZÉ FAIAL disse…
Não viajo todos os meses,mas pelo Pico já fui 3 vezes, por falta de lugar nos vôos da Horta.