Cambalhotas para trás

Com o anúncio da TUI da inclusão do Pico nos voos da Holanda para os Açores no próximo verão IATA, uma das primeiras coisas que me disseram foi que ia haver gente a dar “cambalhotas para trás”.

E com essa expressão na cabeça, pensei nos que teimam em chamar internacional ao aeroporto da Horta.

Pensei ainda no comentador inglês que nos diz que prefere que não se melhorem as acessibilidades ao Pico, porque desta forma só cá vem quem realmente quer vir e evitam-se os problemas do turismo massificado (and he has a point).

Mas afinal quem está a dar “cambalhotas para trás” é a Terceira (ou pelo menos quem escreve o editorial do Diário Insular).

Este voo da TUI não foi criado para o Pico, foi criado porque existe o triângulo, não é uma invenção de ninguém. Invenção terá sido a promoção nesses moldes, e aos seus promotores devemos dar os parabéns por esta conquista.

Viagens de barco de quase 4 horas para a Terceira não comparam com os 60 e 30 minutos das viagens no triângulo. É dessa proximidade que surgem as ligações marítimas que movimentaram 351 mil passageiros em 2014 só no canal Pico-Faial, ou por outras palavras, 72,5% de todos os passageiros movimentados por via marítima inter-ilhas, segundo o SREA. Não é invenção, é um fato geográfico.

Será que se a TUI anunciasse a segunda escala na Terceira em vez de no Pico todo o grupo central estaria melhor servido e esses turistas visitariam tantas ilhas como vão visitar aterrando no Pico?

Mais cambalhotas estão a dar os que vem alertar que é preciso novas valências para acolher estes turistas. Sim, há margem para evolução no triângulo, mas não é porque a TUI aparece com cerca de 60 a 70 lugares semanais no triângulo que temos de fazer mega hotéis e restaurantes. Não temos lugar para mais 20 pessoas no Pico, Faial e São Jorge? Não acredito. Estamos a falar de um acréscimo potencial de 0,9% relativamente ao número de chegadas por via aérea a estas 3 ilhas em agosto de 2015, ou de menos oferta adicional do que se a SATA decidisse fazer mais uma frequência semanal em Q400 para o triângulo.

De fato o anúncio da TUI foi uma novidade inesperada, mas julgo que passado o impacto inicial da notícia, não existem motivos para estas e outras “acrobacias”.

Comentários

Ivo Sousa disse…
Excelente reflexão, Rui!
Os meus parabéns!

Acrescento apenas mais um facto que parece que às vezes é esquecido por um "vizinho onde predominavam as faias" e por uma "entidade após a segunda": qualquer viagem de barco ou de avião entre duas ilhas tem a mesma duração, qualquer que seja o sentido. Por outras palavras, se está tudo bem quando é preciso fazer escalar para chegar ao Pico, também há de estar quando é no Pico que se faz a escala, certo?

Haja saúde!
Marcus disse…
So... I wonder who will actually profit from these Dutch, island hopping, tourists?
I also wonder which company swamped the 1272 Centimetres of sandy beach at Baia de Canas with busloads of them.
Didn't manage to show my nephew and his young son the Grota this year, and nor did some high-end tourists, it now needs pre-booking during high season.
Anónimo disse…
Alguma alma caridosa tem este artigo do DI http://www.diarioinsular.com/version/1.1/r16/?cmd=noticia&id=71909
Rui Medeiros disse…
Eu tenho. Entre em contacto comigo via e-mail.
Anónimo disse…
Olá, a Sata Internacional de hoje 14 de Outubro para a Horta quando tentou divergir para o Pico não conseguiu aterrar devido ao nevoeiro, pista molhada ou vento forte do quadrante Norte?
Luis disse…
O metar das 0930 UTC na Horta era o seguinte:
METAR LPHR 140930Z 36023G33KT 9000 FEW007 SCT012 17/13 Q1014
Qual era o metar do Pico na mesma hora na altura da tentativa da Sata Internacional, uma vez que não está disponível online?
Rui Medeiros disse…
Provavelmente pista molhada porque a Air Açores operou por volta da mesma hora.

LPPI 140900Z 01018KT 320V060 9999 RA FEW006 SCT010 BKN012 17/14 Q1014
Helder Garcia disse…
Por favor, publique esse editorial, para todos nós na ilha do Pico, saibamos quem é que se aproveita de um jornal para minar e lançar pedras ao bem ao algo de beneficiará o triângulo, e aos Açores. Só pode ser alguém vive só com o mal dos outros, em vez de lutar para o seu própio bem.
Devia era preocupar se com problemas da Base das Lajes e as consequências negativas, que isso trará a uma excelente ilha como a Terceira.

Helder Garcia
Rui Medeiros disse…
Esse editorial está publicado na parte com acesso reservado do diário insular, por esse motivo não o devo publicar aqui. A titulo particular, se me contactar por e-mail, posso enviar-lhe o texto.
Anónimo disse…

Cambalhota à frente....... Com o tal famoso Vento Sul..!!!


http://avherald.com/h?article=48f7ba6e&opt=0