De acordo com as afirmações do Secretário Regional do Turismo e Transportes, o novo modelo de obrigações de serviço público entre Lisboa e o Pico, Faial e Santa Maria, associado à liberalização das rotas para São Miguel e Terceira, faz com que os Açores sejam como um aeroporto único, com todas as gateways a competir entre si. Supostamente, haverá liberdade absoluta na escolha do aeroporto por onde se pode apanhar um voo para o Continente. Por exemplo, um Picaroto poderá, mesmo nos dias em que há ligação a partir do aeroporto do Pico para Lisboa, escolher viajar via São Miguel e seguir viagem em qualquer das companhias que lá operem. A viagem Pico – São Miguel terá custo 0, o preço a pagar será o do bilhete PDL-LIS-PDL.
Embora ainda existam questões por esclarecer, neste cenário, a confirmar-se, levantam-se dúvidas sobre a subsistência dos voos de Lisboa para o Pico e Santa Maria. Com as novas OSP deixa de existir uma compensação financeira atribuída à companha aérea que opere para estas Ilhas, passando a mesma a ser atribuída aos passageiros que paguem mais do que 134 euros pelo seu bilhete, pelo que a companhia terá de cobrar pelos bilhetes o suficiente para cobrir todos os custos operacionais da rota. Como a taxa de ocupação para estes aeroportos não é alta, o custo destes voos terá de ser repartido por menos passageiros, logo cada bilhete será mais caro do que os bilhetes disponíveis para as gateways mais movimentadas. Se o bilhete é mais caro do que os bilhetes disponíveis via São Miguel e nos oferecem ligação a São Miguel a 0 euros, é natural que menos passageiros escolham viajar nos voos “diretos” disponíveis no Pico e Santa Maria, o que por sua vez contribui para uma taxa de ocupação ainda mais baixa, o que por sua vez aumenta o custo da operação por lugar vendido, o que por sua vez aumenta o preço dos bilhetes que as companhias podem oferecer para não perder dinheiro nessa rota. Tudo isto, aliado a uma maior oferta de lugares no inverno, favorece uma diminuição nas estatísticas dos voos “diretos” para estas ilhas, números que podem muito bem justificar um futuro abandono das gateways.
Segundo o SREA a TAP transportou em 2014 de e para o Pico 11376 passageiros. Considerando 66 frequências anuais estamos a falar de 86 passageiros por voo ou 65% de taxa de ocupação utilizando como referência um A319. Só a mudança para um A320 baixa este número para 52%.
Segundo o SREA a SATA internacional transportou em 2014 de e para Santa Maria 6274 passageiros. Considerando 52 frequências anuais estamos a falar de 60 passageiros por voo, ou 37% de taxa de ocupação num A320.
Num cenário hipotético em que a TAP optasse por utilizar o Fokker 100 da PGA nestas rotas, os mesmos números de passageiros equivaleriam a 89% de taxa de ocupação na rota do Pico e 63% na rota de Santa Maria.
Estes números demonstram que não é só o “mercado” que influencia as estatísticas mas também as escolhas que se podem fazer na definição das OSP, que são da responsabilidade dos nossos governantes.
Comentários
com um fokker, como conseguias levar a bagagem dos passageiros e a carga?
antes de deitares estas tuas brilhantes ideias cá para fora, devias falar com o Senhor Medeiros, que foi muitos anos chefe de escala da Sata no aeroporto do Pcio, para eles de dar umas noções de load control!
Bons voos!!!!
não bem assim.
há vários fatores em ter em conta, o senhor Medeiros sabe disse , por experiência própria.
Os manuais são uma coisa, a vida no batente ensina outras.
Bons voos!
o senhor Medeiros, sabe muito bem disso.
Muitas vezes os manuais dizem muita coisa que no local nem sempre se consegue executar, pois questões e segurança, não pensem que é por falta de conhecimento.
bons voos!
olha que nem sempre é assim tão linear.
Os manuais dizem coisas que no local muitas vezes é difícil de executar, não por falta de conhecimento dos executantes, mas por diversos fatores que o nosso amigo sr Medeiros tão bem os conhece.
Bons voos!
Olhe que não é assim tão linear como isso.
Os manuais dizem coisas, que muitas vezes no LOCAL e atendendo a vários fatores, nem sempre pode ser como tal.
o nosso amigo senhor Medeiros pode-te dar umas dicas.
Tua sabes que ele ainda percebe disto!
Bons voos!
Mas usei o exemplo do Fokker 100 por ser um avião que até já voa em Portugal e como tal não é muito forçado pensar que fosse uma opção, para transmitir a ideia de que podem muito bem existir soluções mais adequadas à realidade destas rotas do que as escolhas agora feitas. Para mim, o avião para estas duas rotas é o Embraer 170.