Há por aí umas petições interessantes, mas cada vez mais vão perdendo a força, quer pela sua banalização na Internet, quer pela sua utilização na defesa causas sem pés nem cabeça.
Não é exactamente esse o caso com a que agora circula a pedir voos low cost para os Açores, ou melhor dizendo, para S. Miguel, mas não deixa de ser, na minha opinião, uma petição que surgiu sem muita ponderação sobre o assunto.
Começou tudo de novo com as declarações da câmara de comercio de Ponta Delgada, que nos alarmam com um valor astronómico de 70% do sector turístico em causa pela falta destes voos. Os tempos são de dificuldade, mas se tão grande percentagem de investimento está em risco a culpa não é da falta de voos mas de quem investiu muito para além do que qualquer estudo de viabilidade económica possa ter recomendado. Esses voos nunca existiram, não me podem vir dizer que 70% do investimento feito em turismo foi feito a pensar neles.
E depois ainda dizem que "[O modelo actual está] formatado em função do consumo interno, da conveniência dos residentes viajantes, o que anula por completo a competitividade do destino turístico Açores." Como se isso fosse uma coisa má! Sim, que venham os turistas de pé descalço passar um fim de semana às ilhas ao preço da chuva e os residentes que se lixem quando precisarem dos serviços de uma companhia aérea. Na minha opinião, não se deve promover os Açores como um destino barato de massas, que se aposte na qualidade como justificativo do preço.
No meio de tudo isto, parece que se ignora o que implicam as obrigações de serviço público agora em vigor. Claro está que poderão e deverão ser continuamente melhoradas, mas já como estão, são o garante de tarifas de residente razoáveis durante todo o ano, para todos os açorianos em qualquer situação. Não esquecer, também, a disponibilidade para o transporte de carga, que é obrigatória e que muito contribui para a eficiente exportação dos nossos produtos, com especial relevância para o sector das pescas, que é também um grande pilar da nossa economia.
A filosofia low cost não garante nada disto, os primeiros arranjam bons preços, os outros que se amanhem. A filosofia low cost só funciona com grandes densidades. Gostam muito de comparar os Açores com a Madeira... Então cá vai. Hoje saíram 14 voos da Madeira para o Continente Português, apenas dois deles operados por uma low cost. E de São Miguel? Pois, foram 3... Acham que alguma low cost quer vir para aqui? De Verão... Talvez, mas tirem o sustento da rota à SATA/TAP e depois venham mendigar pelos voos de Inverno... Comer da carne limpa todos queremos, lixado são mesmo os ossos... E estamos a falar só de S. Miguel neste exemplo. Mais uma vez fica esquecido que os Açores são 9 ilhas, o que dificulta bastante a situação.
Penso que vale a pena referir ainda mais um pormenor do modelo em vigor, qualquer companhia aérea pode voar para os Açores! Basta concorrer no concurso internacional que é feito de 3 em 3 anos. Não gostam das condições? Paciência, servir os Açores implica servir 100% da população, e 45.5% destes não vivem em S. Miguel.
Digam o que disserem, os preços para se voar para os Açores estão muito melhores do que estavam, não são baratos mas lá vão melhorando. E com low cost criam-se mais problemas do que se resolvem. Os preços bonitos que se vêm nas publicidades são só as tarifas mais baixas disponíveis para lugares limitados. Em termos médios deixam de ser tão convidativos, e acredito que, no nosso meio, os inconvenientes ultrapassariam os benefícios que alguns possam vir a usufruir.
É preciso ter em atenção a dificuldade de conciliar todas as vertentes do transporte aéreo na região. À que caminhar no sentido de uma melhoria constante, acredito que as low cost não são a nossa solução. Não somos uma excepção na Europa, muitos outros lugares periféricos têm os seus transportes assegurados por obrigações de serviço público. Não é este o nosso Papão, aliás, como as coisas estão, só assim se garante a continuidade do nosso território e as low cost não são a nossa salvação. Gostava de saber dizer como resolver este assunto, não o sei, mas estou convicto que, neste momento, estamos melhor sem low costs.
Não é exactamente esse o caso com a que agora circula a pedir voos low cost para os Açores, ou melhor dizendo, para S. Miguel, mas não deixa de ser, na minha opinião, uma petição que surgiu sem muita ponderação sobre o assunto.
Começou tudo de novo com as declarações da câmara de comercio de Ponta Delgada, que nos alarmam com um valor astronómico de 70% do sector turístico em causa pela falta destes voos. Os tempos são de dificuldade, mas se tão grande percentagem de investimento está em risco a culpa não é da falta de voos mas de quem investiu muito para além do que qualquer estudo de viabilidade económica possa ter recomendado. Esses voos nunca existiram, não me podem vir dizer que 70% do investimento feito em turismo foi feito a pensar neles.
E depois ainda dizem que "[O modelo actual está] formatado em função do consumo interno, da conveniência dos residentes viajantes, o que anula por completo a competitividade do destino turístico Açores." Como se isso fosse uma coisa má! Sim, que venham os turistas de pé descalço passar um fim de semana às ilhas ao preço da chuva e os residentes que se lixem quando precisarem dos serviços de uma companhia aérea. Na minha opinião, não se deve promover os Açores como um destino barato de massas, que se aposte na qualidade como justificativo do preço.
No meio de tudo isto, parece que se ignora o que implicam as obrigações de serviço público agora em vigor. Claro está que poderão e deverão ser continuamente melhoradas, mas já como estão, são o garante de tarifas de residente razoáveis durante todo o ano, para todos os açorianos em qualquer situação. Não esquecer, também, a disponibilidade para o transporte de carga, que é obrigatória e que muito contribui para a eficiente exportação dos nossos produtos, com especial relevância para o sector das pescas, que é também um grande pilar da nossa economia.
A filosofia low cost não garante nada disto, os primeiros arranjam bons preços, os outros que se amanhem. A filosofia low cost só funciona com grandes densidades. Gostam muito de comparar os Açores com a Madeira... Então cá vai. Hoje saíram 14 voos da Madeira para o Continente Português, apenas dois deles operados por uma low cost. E de São Miguel? Pois, foram 3... Acham que alguma low cost quer vir para aqui? De Verão... Talvez, mas tirem o sustento da rota à SATA/TAP e depois venham mendigar pelos voos de Inverno... Comer da carne limpa todos queremos, lixado são mesmo os ossos... E estamos a falar só de S. Miguel neste exemplo. Mais uma vez fica esquecido que os Açores são 9 ilhas, o que dificulta bastante a situação.
Penso que vale a pena referir ainda mais um pormenor do modelo em vigor, qualquer companhia aérea pode voar para os Açores! Basta concorrer no concurso internacional que é feito de 3 em 3 anos. Não gostam das condições? Paciência, servir os Açores implica servir 100% da população, e 45.5% destes não vivem em S. Miguel.
Digam o que disserem, os preços para se voar para os Açores estão muito melhores do que estavam, não são baratos mas lá vão melhorando. E com low cost criam-se mais problemas do que se resolvem. Os preços bonitos que se vêm nas publicidades são só as tarifas mais baixas disponíveis para lugares limitados. Em termos médios deixam de ser tão convidativos, e acredito que, no nosso meio, os inconvenientes ultrapassariam os benefícios que alguns possam vir a usufruir.
É preciso ter em atenção a dificuldade de conciliar todas as vertentes do transporte aéreo na região. À que caminhar no sentido de uma melhoria constante, acredito que as low cost não são a nossa solução. Não somos uma excepção na Europa, muitos outros lugares periféricos têm os seus transportes assegurados por obrigações de serviço público. Não é este o nosso Papão, aliás, como as coisas estão, só assim se garante a continuidade do nosso território e as low cost não são a nossa salvação. Gostava de saber dizer como resolver este assunto, não o sei, mas estou convicto que, neste momento, estamos melhor sem low costs.
Comentários
Clap clap!
Agora lendo isto se calhar já fiquei a ter outra ideia das low cost. O grande problema é que só se pensa em tarifas mais baratas que dar a volta à ilha de taxi, mas não se pensa no resto... E maior problema é que vai-se continuar sempre a pensar assim.
Força, este post vai dar que falar! hehe
Dá-lhe sempre!
Maybe Azoreans have not experienced budget tourists but they don't spend much money at destination except for getting drunk or renting deckchairs.
A) It would be a shame to downgrade the Azores for them at Azoreans expense. The higher paying cottage rental tourists come BECAUSE there is no mass tourism and to get some peace. Why swap them for people with little money to spend?
B) Who is going to subsidise the present flight discount for Azoreans?
C) Fortunately crowds are unlikely to come anyway because there are few sandy beaches and the weather isn't quite right.
The biggest problem for tourists isn't the cost of the flights, it's the TIMING. Early morning flights can't be connected to from Europe.
Not being able to get to an Island in one day from the rest of Europe means a hotel in Lisbon or PD, that's money lost to the Azores or other Islands and less tourists bother.
Personally I spend 5 months per year on Pico to get away from tourists and stress! I live in what was a small historic town in GB. It also used be a nice place to visit until they changed it from quality to quantity. Now people don't go out on summer evenings because of the drunks and the shops have fitted cameras to stop the thieves. There are signs, car parks and fences everywhere and stupid "attractions" that locals never use.
Haja saúde!
Numa coisa estamos de acordo: as coisas têm que mudar. É certo que não podemos vender os Açores como um destino barato. “que se aposte na qualidade como justificativo do preço.” O problema é que essa qualidade começa com a viagem de e para os Açores. Como é que podemos promover a qualidade de 60% dos voos da nossa Sata saíam atrasados (está melhor mas ainda não está bem). Se não existe, a bordo, uma refeição decente. Se não temos direito a jornais. Se muitas vezes as nossas bagagens ficam em Lisboa… ou seja temos um preço elevado por um serviço de low cost. De certeza que as empresas de low cost tivessem os atrasos da Sata que estariam a perder muito dinheiro.
Mais: como é que podemos apostar na qualidade se a esmagadora maioria dos empregados de mesa ou de balcão está no turismo/hotelaria pouco mais de 6 meses e depois muda de emprego pois ganha mais e não trabalha, sábado, domingos feriados e por ai fora em qualquer outro ramo? Quando é que podemos apostar na qualidade se os responsáveis pelo turismo nos Açores não apostam nos mercadores certos? Eu também acho que a qualidade e o turismo de Natureza (talvez o termal, gastronómica e um ou outro nicho) são o melhor para as nossas ilhas. Mas para isso é preciso mudar muito, mas mesmo muito.
“Não esquecer, também, a disponibilidade para o transporte de carga, que é obrigatória e que muito contribui para a eficiente exportação dos nossos produtos, com especial relevância para o sector das pescas, que é também um grande pilar da nossa economia.”
Pois esse é também outro enorme problema. Todos sabemos do enorme valor do nosso pescado, mas quantas e quantas vezes já ouvimos que a Sata deixou carga a trás? Não será incompetência. É que toda gente sabe que a Sata não passa de uma empresa onde vão os amiguinhos do governo e que já não cabem nas secretarias. Claro que há gente com muito valor por lá. Mas são muitas vezes abafados pela muita incompetência. E esse, meu amigo talvez seja o verdadeiro problema.
Só mais um pormenor: por esses dias de mau tempo, quando alguns aeroportos estavam encerrados e depois reabriram, a Sata conseguiu, por vezes, no próprio dia, que todos os passageiros, de muitos voos, chegassem ao seu destino. Como? Juntando os passageiros de vários voos, num só voo. Ora isso só significa uma coisa: que continuamos a ter voos a mais. Muitos voos a mais. E isso não pode continuar a acontecer. Para bem de todos nós.
Um abraço
Directamente à verdadeira questão!
O que se estranha é que uma entidade responsável esteja a promover algo que depois se pode virar contra todos!
Regional | 2010-01-12 16:26
http://www.acorianooriental.pt/noticias/view/198809
A taxa de combustível aplicada pela TAP e pela SATA nos voos entre o continente e os Açores vai aumentar quarta-feira de nove para 12 euros, sendo aplicada a voos que se realizem a partir de 20 de Janeiro.
Esta actualização, revelada à Lusa por fonte das duas companhias aéreas, implica, na prática, um aumento de três euros no preço de cada bilhete nas ligações aéreas.
A actualização da taxa de combustível resulta de um mecanismo automático definido pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC).
Nos termos da legislação em vigor, a taxa de combustível aplicável aos voos para as ilhas é actualizada trimestralmente.
A TAP e SATA mantêm uma taxa zero nas tarifas promocionais para estudantes e residentes nos Açores.
Tão pequenino que ele ainda é mas já revela ter cabeça suficiente para atingir vôos mais altos.
Parabéns Rui e obrigado pelo que aprendi.
"Menos mau... já não pagamos taxas no aeroporto do Pico."
Agora é que é: sem movimento e agora sem taxas é que o investimento vai ser rentabilizado!!!!
Acham que a Ryanair ou a easyJet vão pensar com o coração ou com a carteira?
Ao olhar para a petição eu só me pergunto: Ah pois, e isto serve para?
Sinceramente, acho que esta petição vai ser menos valorizada que as minhas vitórias a jogar monopoly com os meus primos!
Os Açores são compostos por 9 ilhas, a EZY ou a RYR não vão criar uma rota (pagar tripulações, slots de aeroporto, combustível e sobretudo ocupar frequências de aeronaves), para ter meia dúzia de gatos pingados a voar por cada 156 lugares disponíveis por voo.(Tirando nos primeiros 3 meses, em que nem que fosse só para exprimentar, a ganância do povo português seria mais forte do que a tentação de tirar umas mini-férias)
Só vejo uma hipótese que é o Governo Regional dos Açores subsidiar as Ops da RYR ou da EZY para São Miguel (sim, porque nas outras mais vale esqueçer as low costs) mas se for para isso mais vale subsidiar a TAP, sinceramente, acho que ainda vou morrer de velhice antes disso (e só faço 17 em fevereiro!).
Entendo perfeitamente a posição dos Açoreanos, mas antes de tudo, deixo aqui alguns conselhos a meu ver importantes para que daqui a uns tempos as low costs possam vir a voar para S.Miguel:
-Criação de infraestruturas (a sério!) de vários tipos, que possam ser benéficas para o turismo
Ex. Centros comerciais, piscinas, hotéis, etc.. No fundo coisas que façam com que os Açores sejam mais do que paisagens bonitas e sobretudo um sítio onde ao fim de 3 dias não tenhamos vontade de voltar para casa.
-Melhoramentos no Aeroporto, desde gares a tudo o que o rodeia.
-No fundo, fazer dos Açores a Madeira (mas com vaquinhas), exceptuando aquela parte dos preços DEMASIADO virados para o turismo.
Mais vale ganhar 5€ x 10, do que ganhar 10€ x 3. Será que S.Miguel está disposta a criar todos estes novos sistemas e não cobrar nenhuma "taxa" depois em troca, que não afugente os turistas?
Abc a todos
www.tipicamenteportugues.blogspot.com
Se for só São Miguel os Americanos são dão um estralo de dedo que vêm a EasyJet a Ryanair fazer Base para as Lajes já que a SATA não quer!