Para todos os que se interessam pela defesa do Pico vejam aqui o anúncio do debate promovido pela ACIP que vai decorrer no próximo dia 22 às 21 no Clube Naval de S. Roque do Pico. Participem!
Foi muito bom ver a abertura da ACIP para o diálogo com a população. Realmente faltou mais tempo para o público e demasiado comentário paralelo na mesa, mas penso que no futuro seja coisa para corrigir. Os temas é que realmente deixaram algo em falta... Fiz questão de deixar o meu comentário durante a Tertúlia e volto a deixar cá no blog. Não serve de nada comparar o nosso crescimento com o dos outros porque não tem outro Pico com quem comparar em pé de igualdade e por outro, o tempo de ficar à espera de esmolinhas terminou, é altura de tirar a rectaguarda ociosa da cadeira e fazer pela vida. Juntos para crescer!
No geral gostei de que se disse, e se é verdade que no início ainda se falou no Faial, também é verdade que no fundo não podemos deixar de falar nele. Não para deitar abaixo e numa óptica de comparação pura, mas mexer no Pico implica mexer no Faial e vou dar um exemplo da minha área. Falou-se outra vez que o número de voos devia ser mais dividido, e concordo com o que se disse incluindo que o Pico não gera o mesmo tráfego que o Faial, mas as proporções não serão as que se vêm agora. O problema é que para nos aproximarmos do que serão as proporções reais de tráfego, digamos 60/40 como se falou, não se pode apenas aumentar o número de voos para o Pico porque as duas ilhas não vão absorver esse aumento de oferta. Assim, para o Pico ter mais ligações a curto prazo, a única solução é dividir o número de voos existentes, o que implica uma descida no número de voos para o Faial e isto é um grande problema porque estamos a pisar-lhes os pés e porque o governo, quando inaugurou as duas novas gateways, disse que o seu crescimento não seria alcançado através do “canibalismo” de outras gateways já estabelecidas. Mas será que a única solução é esperar sentados à espera que o futuro venha cá ter? Durante o debate foi bom que se tenha feito ver que a ligação directa ao Pico como está não serve o turismo, e só por aí se pode dizer que com uma melhoria nas mesmas temos um grande potencial para o aumento de tráfego porque finalmente chegamos a uma grande fatia de passageiros que do modo que as coisas estão se vêm obrigados a voar pelo Faial, o que não é terrível porque ao menos existe uma maneira de cá chegar, mas não é o desejável porque se muitos cá vêm nessas condições, para outros tantos essa situação pode ser o suficiente para não passarem cá ou apenas fazerem a tal visita relâmpago de um dia. Foi bom também ouvir o que Duarte Freitas disse da liberalização. Penso que muita gente não tem a noção do que implica uma liberalização do espaço aéreo Açoriano e gostei do modo como esclareceu essa matéria. E finalmente disse-se que o combustível está para breve. Espero que o breve seja mesmo breve e que não se esqueçam de acabar o que começaram, ou seja, que certifiquem e se criem todos os procedimentos necessários para que as potencialidades dos equipamentos que temos e vamos ter instalados no aeroporto sejam exploradas a 100%. Claro que se discutiram muitos mais assuntos, mas deixo o rescaldo de todas as outras matérias para quem é dessas áreas e o pode fazer muito melhor que eu.
É preciso termos noção de que a economia regional nunca pode depender do Turismo, veja-se o exemplo da Madeira e o buraco financeiro que é no OE todos os anos. Competir a nivel nacional e internacional em quantidade de produto é impossível, é necessário apostar nos nichos de charme e produtos DOC (denominação de origem controlada). O nosso verdelho está a dar passos largos, e de parabéns ao Czar produzido em S.Roque que ganhou medalha de ouro e duas de prata num certame internacional. Temos de por os nossos produtos a rentabilizar dessa forma. Porquê vender um produto massificado a tuta e meia quando podemos oferecer um produto natural, de produção artesanal com qualidade a um preço muito superior e compensar pela baixa quantidade com Qualidade. Numa entrevista com o presidente português da National Geographic Society, os Açores são muito acarinhados e tem sempre referências altamente positivas quando vêm reportagens das nossas ilhas. Está provado que o que "vende" para fora é o ecoturismo e por estranho que pode parecer a alguns, os projectos científicos ligados à natureza, moenadamente o grande impulso na produção elétrica com os geradores eólicos. Falou-se e com razão, é necessário apostar na independência energética da ilha com base em recursos naturais renováveis e ecológicos... ainda estes dias, muita "electricidade-vento" passou pelas nossas casas e não foi aproveitado. Outra limitação regional é a microgeração. A nível nacional está aprovado e autorizado que a produção elétrica excedentária doméstica pode ser injectada na rede pública e permite amortizar e rentabilizar os paineis solares fotoelétricos, mas a nível regional, com objectivo de proteger os investimentos da EDA, essa microgeração doméstica não pode ser injectada na rede pública, perdendo grande parte do interesse em instalar os ditos paineis... Politiquices daqueles que nós elegemos para nos defender...
Anónimo disse…
Fico incredulo com o que se escreveu nestes ultimos comentarios.Por isso e muito mais, o Pico, nao passa nem vai alem duma ilha atrasada, em que gasta o dinheiro a pagar a jogadores do exterior,nao tem objectivos reais, e assim podem esperar sentados...muito triste a vossa maneira de pensar.
Não será possível ouvir a tertúlia em podcast? Não ouvi o programa e tinha bastante curiosidade. Só uma opinião, relativamente às energias alternativas. Estas só aumentarão a riqueza da ilha se houver um pólo de investigação/inovação ou de acréscimo de valor. Ou se isto trouxer um tarifário for mais baixo, o que não acontece por ele ser estabelecido a nível regional. O mesmo para as hídricas e geotérmicas. Já relativamente à central de ondas do mar, o caso é diferente pois o seu incentivo traz riqueza se houver um pólo de investigação local, com cientistas, investigadores, teses, técnicos e consequente fixação de jovens licenciados. Na verdade, dado o tarifário ser regional (o Pico paga o mesmo que os florentinos e eles tem muita energia hídrica, ou os micaelenses têm energia geotérmica) fico admirado quando há ilhas que reivindicam hídricas ou geotermia em tempo de eleições. O benefício só poderá ser para a EDA e esta sabe fazer estudos de mercado, ou então para as construtoras que geralmente não são da região. O turismo rural, poderia ser uma aposta. Terá de haver melhor prospecção de mercado, divulgação aos agentes de viagens e oferta de um leque de serviços de qualidade. Mas nada de impossível, até porque temos nos Açores uma bom apoio do estado.
Anónimo disse…
Andava aqui à procura da transmissão em podcast p enviar a uma amiga, quando descobri o blog. Quero só deixar uma ideia que esqueci de falar na segunda, acerca do turismo. Claro que não podemos olhar para o turismo como a solução de todos os problemas nem o caminho único para o desenvolvimento. No entanto, acredito que criando sinergias a vários níveis (equipamentos, associações) e que unam áreas que aparentemente parecem tão afastadas como a agricultura, as pescas, a cultura e a própria população local que tantas vezes é esquecida, o turismo poderá ser parte de um módulo sustentável de desenvolvimento para a ilha, e só assim tiremos uma visão global do desenvolvimento. Claro que falta ainda crescermos muito na criação, valorização e inovação de produtos, e é verdade aquilo que se disse acerca do modo como muitas vezes se aplica a legislação, e que acaba por condicionar várias actividades, e o Queijo do Pico é um claro exemplo disso. Concordo plenamente com a falta de tempo para o público, e com as muitas perguntas que ficaram sem resposta, mas espero que este seja o primeiro de muitos passos! Bom Natal, Claudia Melo
Comentários
Os temas é que realmente deixaram algo em falta...
Fiz questão de deixar o meu comentário durante a Tertúlia e volto a deixar cá no blog.
Não serve de nada comparar o nosso crescimento com o dos outros porque não tem outro Pico com quem comparar em pé de igualdade e por outro, o tempo de ficar à espera de esmolinhas terminou, é altura de tirar a rectaguarda ociosa da cadeira e fazer pela vida.
Juntos para crescer!
Falou-se outra vez que o número de voos devia ser mais dividido, e concordo com o que se disse incluindo que o Pico não gera o mesmo tráfego que o Faial, mas as proporções não serão as que se vêm agora. O problema é que para nos aproximarmos do que serão as proporções reais de tráfego, digamos 60/40 como se falou, não se pode apenas aumentar o número de voos para o Pico porque as duas ilhas não vão absorver esse aumento de oferta. Assim, para o Pico ter mais ligações a curto prazo, a única solução é dividir o número de voos existentes, o que implica uma descida no número de voos para o Faial e isto é um grande problema porque estamos a pisar-lhes os pés e porque o governo, quando inaugurou as duas novas gateways, disse que o seu crescimento não seria alcançado através do “canibalismo” de outras gateways já estabelecidas. Mas será que a única solução é esperar sentados à espera que o futuro venha cá ter?
Durante o debate foi bom que se tenha feito ver que a ligação directa ao Pico como está não serve o turismo, e só por aí se pode dizer que com uma melhoria nas mesmas temos um grande potencial para o aumento de tráfego porque finalmente chegamos a uma grande fatia de passageiros que do modo que as coisas estão se vêm obrigados a voar pelo Faial, o que não é terrível porque ao menos existe uma maneira de cá chegar, mas não é o desejável porque se muitos cá vêm nessas condições, para outros tantos essa situação pode ser o suficiente para não passarem cá ou apenas fazerem a tal visita relâmpago de um dia.
Foi bom também ouvir o que Duarte Freitas disse da liberalização. Penso que muita gente não tem a noção do que implica uma liberalização do espaço aéreo Açoriano e gostei do modo como esclareceu essa matéria.
E finalmente disse-se que o combustível está para breve. Espero que o breve seja mesmo breve e que não se esqueçam de acabar o que começaram, ou seja, que certifiquem e se criem todos os procedimentos necessários para que as potencialidades dos equipamentos que temos e vamos ter instalados no aeroporto sejam exploradas a 100%.
Claro que se discutiram muitos mais assuntos, mas deixo o rescaldo de todas as outras matérias para quem é dessas áreas e o pode fazer muito melhor que eu.
Competir a nivel nacional e internacional em quantidade de produto é impossível, é necessário apostar nos nichos de charme e produtos DOC (denominação de origem controlada). O nosso verdelho está a dar passos largos, e de parabéns ao Czar produzido em S.Roque que ganhou medalha de ouro e duas de prata num certame internacional. Temos de por os nossos produtos a rentabilizar dessa forma. Porquê vender um produto massificado a tuta e meia quando podemos oferecer um produto natural, de produção artesanal com qualidade a um preço muito superior e compensar pela baixa quantidade com Qualidade.
Numa entrevista com o presidente português da National Geographic Society, os Açores são muito acarinhados e tem sempre referências altamente positivas quando vêm reportagens das nossas ilhas. Está provado que o que "vende" para fora é o ecoturismo e por estranho que pode parecer a alguns, os projectos científicos ligados à natureza, moenadamente o grande impulso na produção elétrica com os geradores eólicos. Falou-se e com razão, é necessário apostar na independência energética da ilha com base em recursos naturais renováveis e ecológicos... ainda estes dias, muita "electricidade-vento" passou pelas nossas casas e não foi aproveitado.
Outra limitação regional é a microgeração. A nível nacional está aprovado e autorizado que a produção elétrica excedentária doméstica pode ser injectada na rede pública e permite amortizar e rentabilizar os paineis solares fotoelétricos, mas a nível regional, com objectivo de proteger os investimentos da EDA, essa microgeração doméstica não pode ser injectada na rede pública, perdendo grande parte do interesse em instalar os ditos paineis... Politiquices daqueles que nós elegemos para nos defender...
Só uma opinião, relativamente às energias alternativas. Estas só aumentarão a riqueza da ilha se houver um pólo de investigação/inovação ou de acréscimo de valor. Ou se isto trouxer um tarifário for mais baixo, o que não acontece por ele ser estabelecido a nível regional. O mesmo para as hídricas e geotérmicas.
Já relativamente à central de ondas do mar, o caso é diferente pois o seu incentivo traz riqueza se houver um pólo de investigação local, com cientistas, investigadores, teses, técnicos e consequente fixação de jovens licenciados.
Na verdade, dado o tarifário ser regional (o Pico paga o mesmo que os florentinos e eles tem muita energia hídrica, ou os micaelenses têm energia geotérmica) fico admirado quando há ilhas que reivindicam hídricas ou geotermia em tempo de eleições. O benefício só poderá ser para a EDA e esta sabe fazer estudos de mercado, ou então para as construtoras que geralmente não são da região.
O turismo rural, poderia ser uma aposta. Terá de haver melhor prospecção de mercado, divulgação aos agentes de viagens e oferta de um leque de serviços de qualidade.
Mas nada de impossível, até porque temos nos Açores uma bom apoio do estado.
Concordo plenamente com a falta de tempo para o público, e com as muitas perguntas que ficaram sem resposta, mas espero que este seja o primeiro de muitos passos!
Bom Natal,
Claudia Melo