No Jornal Ilha Maior do dia 13 de Abril vêm noticiada a certificação da iluminação da pista do Pico por parte do INAC. Esta certificação vem finalmente permitir a operação de voos nocturnos, mas na verdade ainda há coisas a fazer na vertente operacional. O aeroporto do Pico fica situado no sopé de uma montanha, como tal têm algumas limitações, e, por causa desta morfologia de terreno envolvente, é de todo o interesse para a segurança da sua operação a publicação de procedimentos de descolagem em condições de visibilidade reduzida. Até há pouco tempo o Pico era um aeroporto que só podia acolher tráfego segundo as regras de voo visual, mas agora que tem uma aproximação por instrumentos publicada já pode também receber voos sob as regras de voo por instrumentos, ou seja, em condições de má visibilidade e de noite. Faltam assim os procedimentos de partida por instrumentos, que embora não sejam obrigatórios, caso não existam a responsabilidade de assegurar a separação necessária com o terreno passa unicamente para os pilotos, são uma mais valia para a segurança das operações, e sempre seria menos uma ponta por onde pegar!
Uma vez que já que falei da aproximação por instrumentos, à que lhe apontar uma grave deficiência que já foi mencionada neste blog. Existe um NOTAM ( NOtice To AirMen) a avisar os operadores que a aproximação não garante a segurança das operações abaixo de 2000 pés porque entra-se em espaço aéreo não controlado, o que implica que, embora seja bastante improvável dada a nossa realidade, pode lá estar a voar uma aeronave sem ter contacto com o controlo aéreo. E diz também que é preciso ter atenção ao funcionamento da rádio ajuda em que se baseia o procedimento dado que o seu estado não é monitorizado na torre da Horta, embora o seja no Pico.
Estes problemas resolvem-se com a criação de uma verdadeira torre no Pico, e não um serviço de informação de aeródromo como actualmente existe, pois o espaço aéreo em redor do aeródromo mudaria de estatuto. Ainda temos problemas piores como a falta de combustível, mas também é bom que não se pense que depois deste chegar fica tudo resolvido, ainda há coisas a melhorar, e esta mudança de categoria dos serviços da torre do Pico é das mais importantes e difíceis batalhas a vencer.
Comentários
Um passarinho disse-me que o combustível ia ser algo complicado, uma vez que este "estraga-se" se não for consumido a curto prazo, ou seja, são necessários mais do que o vôo semanal para o combustível ser viável. Mais uma vez, como estou por fora destes detalhes, peço-lhe que comente o que o "passarinho" me disse e se existe realmente um problema neste caso.
Cumprimentos e continuação de bons estudos e artigos (aqui e Ilha Maior).
Quanto ao combustível, se ler posts mais antigos vai ver que também já foi aqui muito reclamado, e também não queria andar sempre a bater na mesma tecla.
Não percebo muito de química, mas tem razão no que toca ao combustível ter prazo de validade que é de cerca de 1 ano.
Na verdade dificilmente o negócio de reabastecer aviões no Pico será rentável, pelo menos nos primeiros tempos. Para lhe dar uma ideia a SATA tenta reabastecer o mínimo possível na Horta por causa dos preços mais elevados, inclusive a Internacional traz sempre que tem disponibilidade de peso, combustível para voltar a Lisboa sem reabastecer. Já a TAP, por politica interna de poupanças, (voar mais pesado gasta mais) costuma normalmente reabastecer na Horta.
E depois não é que o Governo não tenha já dito que o processo está em andamento, continuamos sem ver nada, mas supostamente está a andar, e como deve estar difícil arranjar alguém para suportar os custos a coisa vai demorando…
Assim podia-se dizer sem mais voos não há combustível, e sem combustível não há mais voos.
Mas não partilho do seu optimismo nesse sentido.