Este artigo já saiu no jornal Ilha Maior, mas decidi também o colocar aqui.
Toda a gente parece ser perita no assunto para dizer que não se voa com segurança nos Açores. Se não estivessem reunidas todas as condições de segurança podem acreditar que não se voava nos Açores. Então porque é que esta questão está sempre a ser levantada nos jornais? Dá-me a ideia que as pessoas confundem segurança com o existir ou não de certos equipamentos nos aviões e aeroportos.
Um exemplo: Imagine-se a viajar de automóvel numa auto-estrada. Sente-se seguro? E agora a viajar numa estrada local pelo centro de uma localidade. Sente-se seguro? A resposta será sim ás duas perguntas se forem consideradas as restrições de ambas as vias, transitando de forma completamente diferente, dependendo de onde circula.
Ora esta analogia pode ser de certa forma aplicada aos céus Açorianos. Sim senhor, não temos ILS em todas as ilhas, nem radar para controlar com maior precisão o tráfego aéreo, mas não é por isso que não se voa em segurança nos Açores, apenas se está mais limitado e por isso os voos cancelam mais vezes, e os aviões andam mais longe uns dos outros.
Espanto-me com frases como “ De início a aproximação das aeronaves ao Pico será efectuada pela torre da Horta, onde nem ILS (Instrument Landing System) existe. Como é que um cego vai guiar outro cego?”. Que confusão! Um ILS é uma ajuda rádio que dá ao avião indicação da ladeira de descida e alinhamento a uma pista, se existisse um na Horta para nada servia ao Pico. No máximo as aproximações seriam conduzidas como já acontece, aproxima-se pelos procedimentos publicados para a Horta e quando se sair das nuvens desde que se esteja suficientemente alto volta-se para o Pico visualmente, porque o Pico é um aeródromo visual. As responsabilidades da torre da Horta são de dar autorizações, e certificar-se que não há conflito entre o tráfego aéreo na zona, nunca conduzir um avião pelo procedimento de aproximação, a torre apenas autoriza o avião a voar um segmento da aproximação publicada, que é voada pelo piloto recorrendo aos instrumentos de bordo, ou caso as condições o permitam, visualmente. Mais seguro do que um voo visual é difícil de se conseguir, porque o piloto não tem que se sujeitar a seguir os seus instrumentos, mas pode voar com referência ao que vê. Claro que há o senão de que durante o Inverno muitos dias as condições não permitem este tipo de voo, e é por isso que existem os instrumentos como o ILS entre outros, que permitem que a descida dentro das nuvens seja feita com a mesma segurança do voo visual, mas também têm os seus limites e se a determinadas altitudes que variam de instrumento para instrumento não se adquirir contacto visual com a pista não se pode continuar a aproximação. Por isso também é que a TAP se recusou a voar para o Pico sem qualquer tipo de aproximação por instrumentos publicada, não porque não possa aterrar visualmente, mas porque não vale a pena ter um voo programado quando em muitos dias as condições não são visuais, e portanto obrigaria a muitos cancelamentos que inviabilizam a operação. Quando funcionar uma torre no Pico, a sua função principal será apenas autorizar as aterragens no Pico e coordenar os movimentos com a torre da Horta, porque o controle de aproximação será feito sempre pela Horta, não faz sentido num espaço aéreo tão pequeno ter dois controles de aproximação diferentes. A diferença para o que acontece actualmente é que o Pico deixa de apenas dar informações para poder dar ordens e autorizações, e o aeroporto passa a ser considerado controlado, mas a aproximação só vai ser melhorada porque está em curso a certificação de uma aproximação por instrumentos ao Pico, enquanto esta não existir uma torre no Pico apenas daria autorizações para se aterrar visualmente.
Outra coisa a que acho piada são as pessoas que se queixam porque o avião não passou, mas se o avião passa e não gostam da viagem queixam-se porque o avião não devia ter passado. Afinal em que ficamos, se só se fizessem voos confortáveis para os passageiros, a SATA não voava o Inverno inteiro! Os aviões são testados em condições rigorosas, e acreditem quando uma pessoa sem conhecimentos aeronáuticos pensa que o avião se deve estar a partir ele está muito longe disso, e são impostos limites operacionais que estão longe do que um avião está desenhado para suportar. Muita gente sente-se desconfortável a voar, e é completamente compreensível porque além de ser um meio estranho, o passageiro não tem qualquer tipo de controlo sobre o que se passa, mas isso não quer dizer que não estejam a voar em segurança, uma viagem desconfortável não deixa de ser segura, claro que há extremos, mas enquanto não se estiver a ser comprimido contra o seu banco com um peso duas vezes superior ao normal e em seguida preso pelo cinto como que a flutuar, não corre qualquer risco adicional, a não ser que não tenha o cinto apertado!
Quer mais segurança quando for viajar? Respeite os limites de velocidade a caminho do aeroporto.
Toda a gente parece ser perita no assunto para dizer que não se voa com segurança nos Açores. Se não estivessem reunidas todas as condições de segurança podem acreditar que não se voava nos Açores. Então porque é que esta questão está sempre a ser levantada nos jornais? Dá-me a ideia que as pessoas confundem segurança com o existir ou não de certos equipamentos nos aviões e aeroportos.
Um exemplo: Imagine-se a viajar de automóvel numa auto-estrada. Sente-se seguro? E agora a viajar numa estrada local pelo centro de uma localidade. Sente-se seguro? A resposta será sim ás duas perguntas se forem consideradas as restrições de ambas as vias, transitando de forma completamente diferente, dependendo de onde circula.
Ora esta analogia pode ser de certa forma aplicada aos céus Açorianos. Sim senhor, não temos ILS em todas as ilhas, nem radar para controlar com maior precisão o tráfego aéreo, mas não é por isso que não se voa em segurança nos Açores, apenas se está mais limitado e por isso os voos cancelam mais vezes, e os aviões andam mais longe uns dos outros.
Espanto-me com frases como “ De início a aproximação das aeronaves ao Pico será efectuada pela torre da Horta, onde nem ILS (Instrument Landing System) existe. Como é que um cego vai guiar outro cego?”. Que confusão! Um ILS é uma ajuda rádio que dá ao avião indicação da ladeira de descida e alinhamento a uma pista, se existisse um na Horta para nada servia ao Pico. No máximo as aproximações seriam conduzidas como já acontece, aproxima-se pelos procedimentos publicados para a Horta e quando se sair das nuvens desde que se esteja suficientemente alto volta-se para o Pico visualmente, porque o Pico é um aeródromo visual. As responsabilidades da torre da Horta são de dar autorizações, e certificar-se que não há conflito entre o tráfego aéreo na zona, nunca conduzir um avião pelo procedimento de aproximação, a torre apenas autoriza o avião a voar um segmento da aproximação publicada, que é voada pelo piloto recorrendo aos instrumentos de bordo, ou caso as condições o permitam, visualmente. Mais seguro do que um voo visual é difícil de se conseguir, porque o piloto não tem que se sujeitar a seguir os seus instrumentos, mas pode voar com referência ao que vê. Claro que há o senão de que durante o Inverno muitos dias as condições não permitem este tipo de voo, e é por isso que existem os instrumentos como o ILS entre outros, que permitem que a descida dentro das nuvens seja feita com a mesma segurança do voo visual, mas também têm os seus limites e se a determinadas altitudes que variam de instrumento para instrumento não se adquirir contacto visual com a pista não se pode continuar a aproximação. Por isso também é que a TAP se recusou a voar para o Pico sem qualquer tipo de aproximação por instrumentos publicada, não porque não possa aterrar visualmente, mas porque não vale a pena ter um voo programado quando em muitos dias as condições não são visuais, e portanto obrigaria a muitos cancelamentos que inviabilizam a operação. Quando funcionar uma torre no Pico, a sua função principal será apenas autorizar as aterragens no Pico e coordenar os movimentos com a torre da Horta, porque o controle de aproximação será feito sempre pela Horta, não faz sentido num espaço aéreo tão pequeno ter dois controles de aproximação diferentes. A diferença para o que acontece actualmente é que o Pico deixa de apenas dar informações para poder dar ordens e autorizações, e o aeroporto passa a ser considerado controlado, mas a aproximação só vai ser melhorada porque está em curso a certificação de uma aproximação por instrumentos ao Pico, enquanto esta não existir uma torre no Pico apenas daria autorizações para se aterrar visualmente.
Outra coisa a que acho piada são as pessoas que se queixam porque o avião não passou, mas se o avião passa e não gostam da viagem queixam-se porque o avião não devia ter passado. Afinal em que ficamos, se só se fizessem voos confortáveis para os passageiros, a SATA não voava o Inverno inteiro! Os aviões são testados em condições rigorosas, e acreditem quando uma pessoa sem conhecimentos aeronáuticos pensa que o avião se deve estar a partir ele está muito longe disso, e são impostos limites operacionais que estão longe do que um avião está desenhado para suportar. Muita gente sente-se desconfortável a voar, e é completamente compreensível porque além de ser um meio estranho, o passageiro não tem qualquer tipo de controlo sobre o que se passa, mas isso não quer dizer que não estejam a voar em segurança, uma viagem desconfortável não deixa de ser segura, claro que há extremos, mas enquanto não se estiver a ser comprimido contra o seu banco com um peso duas vezes superior ao normal e em seguida preso pelo cinto como que a flutuar, não corre qualquer risco adicional, a não ser que não tenha o cinto apertado!
Quer mais segurança quando for viajar? Respeite os limites de velocidade a caminho do aeroporto.
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