Dash no Corvo

Deixo aqui uma reportagem da RTP Açores onde se pode ver uma aterragem de um dos dash no Corvo.

Ao que parece há alguma preocupação neste inicio de operação por causa das condições da pista. O próprio INAC deverá deslocar técnicos ao Corvo amanhã para verificar as condições de operacionalidade do aeródromo.
As obras que agora começam, ficam-se a dever principalmente ao mau estado do pavimento da pista aproveitando-se as obras para fazer alguns melhoramentos de modo a facilitar a operação dos Q200.
Entretanto já desde à algum tempo tem estado este NOTAM em vigor...

OPERATORS ARE REQUESTED A PRIOR BRIEFING WITH THE AD DIRECTOR, DUE
TO BAD CONDITIONS OF RWY ASPHALT AND FIRE FIGHTING VEHICLE.
B0143/09
FROM: 04 JUN 2009 00:23
TO: 18 AUG 2009 23:59 EST

Comentários

Anónimo disse…
´"aproveitando-se as obras para fazer alguns melhoramentos de modo a facilitar a operação dos Q200." - ERRADO! Não se está a aproveitar nada para "facilitar" o quer que seja. Aliás, o termo "facilitar" já é, por si só, completamente errado neste contexto! Não se está a facilitar, estão-se a fazer obras incontornáveis!

As obras de alargamento da pista estão de acordo com o anexo 14 da ICAO para a operação de uma aeronave com as dimensões do Q200. Da mesma forma, os taxiways e placa terão de ser alargadas. A consolidação da pista, para que o LCN seja adequado ao peso do Q200 também faz parte do cardápio das obras imprescindíveis para que o Q200 possa operar no Corvo, respeitando, uma vez mais, as recomendações do Anexo 14 da ICAO.

Por fim, e não menos importante, a Categoria de Aeródromo do Corvo (para socorro e combate a incêndios) é 2, mas o Dash é categoria 4!

Tudo "coisas" que ficaram pelo caminho, algures entre a ingenuidade do povo e a esperteza saloia da SATA.

Para não falar na falta de conhecimento e profissionalismo da SATA em pensar que se podia fazer uma obra daquela envergadura NO CORVO, no prazo anunciado!

Obviamente que, ao aperceberem-se das dificuldades, foram logo a correr para o INAC pedir autorizações especiais para lá poderem operar naquelas condições!... E o INAC,à boa maneira portuguesa, baixou as calçinhas para ser conivente com o Lobby, relegando para segundo plano a segurança das pessoas!
Rui Medeiros disse…
Pois, é o que dá fiar-me no que o as noticias dizem sem ir dar uma vista d'olhos aos anexos... As obras são de facto muito recomendadas para a operação dos Q200.
O Q200 encaixa num número de chave 2C, e de facto para esse numero a ICAO recomenda, entre muitas outras coisas, pistas com 30 metros de largura, strip com 80 metros de largura, taxyways com 15 metros de largura e uma margem a obstáculos de 4,5 metros nos lugares de estacionamento.
Mas temos que ter uma coisa em atenção, nem sempre e possível cumprir com todas as recomendações da ICAO e não é por isso que um aeroporto deixa de ser seguro, poderá eventualmente sofrer de restrições operacionais. Um exemplo disso é o Aeroporto da Horta, que, assim á primeira vista, nao cumpre com a largura de strip de 300 metros (poucos aeroportos Portugueses cumprem essa recomendação) nem com a RESA, sendo que esta ultima até é mais que uma recomendação. Isto pode ser justificável devido à morfologia do terreno envolvente que torna, se não impossível, pelo menos proibitivamente caro fazer uma strip com 300 metros e implementar a RESA.
Assim, este é um tema muito complexo que tem de ser visto caso a caso e que não é fácil de esclarecer no âmbito deste blog. Outro exemplo disto é o A320 que pode operar em pistas com 30 metros de largura. No entanto a sua categoria recomenda 45 metros. Pode acontecer que para isso apareçam algumas restrições, por exemplo no limite de vento cruzado, mas não deixa de se puder fazer essa operação de forma segura.
Do mesmo modo, o Q200 tem numero de chave 2C, mas até está muito próximo do limite inferior dessa chave e foi desenhado para operar em pistas curtas sem as condições dos grandes aeroportos. Assim, não posso acreditar que a SATA o esteja a utilizar fora dos parâmetros da sua certificação e não pode estar a colocar em causa a segurança dos seus passageiros.
Quanto ao ARFF ser categoria 2, a ICAO permitia que isso acontecesse, uma vez que a categoria do aeroporto só tem de ser igual à do maior avião que opera num determinado aeroporto se o número de movimentos for superior a 700 nos 3 meses mais movimentados. Se esse avião não fizer esses 700 movimentos, a categoria pode ser reduzida até 2 categorias abaixo. Isto é o que está escrito no manual 9137 da ICAO, mas a versão que tenho é de 1995 e tenho a indicação de que em 2005 se adoptariam novas regras. Assim é provável que também seja necessário aumentar a categoria de ARFF no Corvo.

Com tudo isto fiquei curioso, sabe dizer-me se vão alargar a strip no Corvo?
Anónimo disse…
Segundo o que anunciaram há alguns tempos atrás acerca do corte do (ou dos?) morro(s) laterais, está previsto, numa fase mais avançada, alargarem o strip. Resta saber para quanto e, principalmente, se o farão?!.... pois é obra complicada qb para aqule local e para aquela ilha, que conheço há mais de 30 anos!

Quanto à subida da Categoria de Aeródromo, e segundo o que me disseram no Corvo, apenas sei que está previsto subir para 4...

As recomendações da ICAO têm SEMPRE a conotação de OBRIGAÇÃO, caso contrário nem valia a pena existirem. Ainda que não se possa cumprir com uma ou outra recomendação, por motivos de força maior, poderá até ser compreensível e aceitável. Agora, não cumprir com todas é um abuso e é aí que se começa a alimentar perigosamente a famosa cadeia!

Mas o que mais me melindra é não haver no Corvo ninguém capaz de se chegar à frente e contestar, perguntar, inquirir, indagar!... A começar pelo Presidente da Câmara e
a acabar na simples professora, que ainda não percebeu onde "aterrou" pois até só lá foi colocada para cumprir este ano lectivo... TODOS têm a obrigação e o dever de conhecer todos os aspectos envolvidos nesta situação, pois afecta-os directamente.

As únicas posições de jeito que vi foram umas declarações do Deputado do PPM (agora não me lembro do nome dele) a questionar a SATA sobre as obras versus operação e, principalmente, esta reportagem.

Fora isto, nada foi feito.
luis disse…
Voo Tap 1843 Lisboa - Horta divergiu hoje para o Pico, devido ao nevoeiro no Faial. Isto deve ter acontecido uma vez que os voos andam a fazer escala na Terceira.
Rui Medeiros disse…
Concordo que se deve tentar ao máximo cumprir com todas as recomendações da ICAO, mas de facto existe diferenciação entre as recomendações e o que se poderá chamar de normas. Um exemplo do Anexo 14 é a RESA, onde é norma o mínimo de 90 metros e são recomendados 240. A diferença é que é obrigatório reportar diferenças em relação às normas e isso já não acontece para falhas no cumprimento de recomendações. Nos anexos as recomendações vem em itálico.
A ideia com que fiquei do que tenho visto nas notícias é que há alguma apreensão com tudo isto, mas não sei que tipo de explicação não técnica se poderá dar à população em geral de modo a esclarecer devidamente o que se passa.